Verso
e reverso
Vivemos um novo tempo onde cada um pode ser como realmente se sente. Obrigada. Quem bom, podermos usar batom, o salto alto, o perfume sem culpa. Expressar amor pela vida e pelas pessoas sem preocupação de crença, opção política, sexual sem o peso de represálias. A consciência de sermos cidadão nos faz multiplicadores da contestação a toda forma de opressão, a negação de Direitos, seja de onde for, venha de onde vier. Somos parte dessa história. *Imagem:secretariamunicipalmarilai.blog.spotcom
Mulher, ente definido sob
os mais variados aspectos. Se buscarmos uma conceituação formal, voltada à
semântica e a classe gramatical, rememoraremos que se trata de um substantivo
feminino que distingue “indivíduo do sexo feminino, considerado do ponto de
vista das características biológicas, do aspecto ou forma corporal, como tipo
representativo de determinada região geográfica, época etc” e, ainda, mamífero,
primata, bípede, sociável, que se distingue de todos os outros animais pela
faculdade da linguagem e pelo desenvolvimento intelectual... ser humano. *Imagem: br.freepik.com.
Muito já foi dito sobre a mulher.
Muito ainda se tem a dizer. Os incontáveis aspectos que envolvem o universo
feminino põem em relevo a diversidade entre
homens e mulheres que, rotineiramente, resultam em desigualdade. Do mesmo modo,
as
lutas por Direitos; a violência contra elas; a função reprodutora; o trabalho
dentro e fora dos lares... e de outra ordem,
a moda, a beleza, a estética, a saúde, o amor e muito
mais, mostram, no dia a dia, o desafio de ser Mulher. *Imagem: entreaspas.blogspot.
Propõe-se uma breve excursão sob um período
riquíssimo para a humanidade e, em especial, para A MULHER. Tão significativo que transformou o mundo,
desconstruiu verdades eternizadas, criou nova identidade, se opôs a política de
exclusão. Enfim, sinalizou saberes diversos na guerra, muitas vezes silenciosa,
entre homens e mulheres. *Imagem:pixabay.com
Quem não recorda do Feminismo?
Muito embora possa causar certo mal estar, em face de alguns caminhos aparentemente
necessários a início, quem tem mais de 40 anos, certamente lembrará algum fato
que de tão marcante confunda-se com o Movimento em si. A intensidade das ações, fixou nas retinas imagens que até hoje estão gravadas, atreladas à
sensação de embate, choque, relacionadas à devastadora onda que invadiu o mundo
feminino.* Imagem: ivanoe50anos.blog.spot
Corria a década de 70. Anos
difíceis. A Ditadura Militar se fazia
presente em cada espaço da Sociedade. Entretanto, o texto é breve e como tal não adentra questões que desembocam em
vitimizações específicas, torturas sob o eixo das relações familiares,
desencanto, abandono, traição entre companheiros - quer no terreno do inimigo e/ou
no âmbito do lar, das relações afetivas – , ou ações que ecoam até os dias atuais,
revelando condutas torpes, antes, tidas e havidas como heroicas. *Imagem:catracalivre.com.br
No
Brasil “o feminismo” assumiu um direcionamento político local e uma postura
diferente, afastando-se do ideal de igualdade legal. O repúdio à virgindade, ao
casamento, ao comportamento tradicional que produzia rótulos como “rainha do
lar”, “ Amélia”, “mulherzinha”, tornou-se bandeira de luta e, também, forma
de opressão a aquelas que insistiam em vivenciar sua existência na forma até
então cultuada e preservada. Não havia permissão para escolha. A Sociedade e as Feministas se igualavam na pressão sobre as demais. * Imagem: bolsademulher.com.
As mulheres lutaram em contexto
político, social e cultural historicamente adverso. Havia exacerbação no falar e no agir, muitas
passaram a professar a luta armada, a negar a essência feminina e a
maternidade, despiram-se de toda e
qualquer forma de vaidade. Muitas passaram a imitar os homens naquilo que refutavam: a ausência de sentimentos, o sexo livre como desforra, sob um pseudo entendimento de usar o outro. *Imagem: cafefeminista.wordpress.com.
Lembro
que no ano de 1973, a divisão entre “mulherzinha e feminista” me horrorizava. A
visão de axilas cabeludas; seios soltos sob as camisetas; o desprezo por
perfumes, maquiagens, roupas e sapatos, tudo o que denotassem feminilidade; o
afastamento da família, vista como elemento desagregador da ideologia; o
discurso contundente, proferido por mulheres que se travestiam ostentando silhueta
e gesticulação masculina, feriam profundamente sonhos e certezas acalentadas
com muito amor. *Imagem: br.123rf.com.
A reverência à família, o respeito ao casamento, a certeza de que teria filhos – do ventre e/ou do coração, a natural vaidade, jamais me afastaram dos clássicos embates sociais, dos relatos envolvendo lutas de classes, da consciência social e política. Ser feminina não me tornou alienada. Pensar num companheiro, para dividir sentimentos e viver a plenitude de meu lado mulher, também não me fez ausente. Enxergar a necessidade de romper barreiras, encontrar espaço e reverter atrasos sempre foi possível, com ou sem salto alto e batom. *Imagem: br.123rf.com.
A reverência à família, o respeito ao casamento, a certeza de que teria filhos – do ventre e/ou do coração, a natural vaidade, jamais me afastaram dos clássicos embates sociais, dos relatos envolvendo lutas de classes, da consciência social e política. Ser feminina não me tornou alienada. Pensar num companheiro, para dividir sentimentos e viver a plenitude de meu lado mulher, também não me fez ausente. Enxergar a necessidade de romper barreiras, encontrar espaço e reverter atrasos sempre foi possível, com ou sem salto alto e batom. *Imagem: br.123rf.com.
Não me
envergonho. Enquanto ouvia de colegas universitárias um discurso repetitivo dos
males do capitalismo, das benesses do comunismo, pesava, media e via, que no
fundo, em quaisquer das ideologias sugeridas, uma parcela mínima dos atores
sociais preocupava-se, verdadeiramente, com a sociedade, com a liberdade de
escolha, com o conhecimento, esse, realmente, libertador. *Imagem: pixabay.com.
Agradeço a essa mulheres, anônimas ou famosas, que foram imoladas no terreno da
luta armada, corporal. Igualmente, rendo homenagens as que queimaram sutiãs,
recusaram-se a fazer depilação, engrossaram a voz na tentativa de se fazerem
ouvir, lutaram por Direitos. Vocês foram admiráveis, conquistaram espaços e nos
deram condição de professar e sentir orgulho, felicidade, de ser MULHER, sorrir,
sonhar, amar, ser filha, ser mãe, se posicionar diante da sociedade sem o vício
da mesmice. *Imagem: pt.slides.net
Vivemos um novo tempo onde cada um pode ser como realmente se sente. Obrigada. Quem bom, podermos usar batom, o salto alto, o perfume sem culpa. Expressar amor pela vida e pelas pessoas sem preocupação de crença, opção política, sexual sem o peso de represálias. A consciência de sermos cidadão nos faz multiplicadores da contestação a toda forma de opressão, a negação de Direitos, seja de onde for, venha de onde vier. Somos parte dessa história. *Imagem:secretariamunicipalmarilai.blog.spotcom